Depois de o empreiteiro da obra ter falido, de um moroso processo de posse administrativa e de actos de vandalismo, o sonho de uma nova biblioteca já está concretizado.
Ao fim de um processo de mais de dez anos e várias peripécias foi inaugurada segunda-feira a nova Biblioteca Municipal de Alpiarça, que tem como patrono Hermínio Duarte Paciência. O processo com vista à construção tinha começado ainda no tempo da gestão CDU. Com a chegada do PS ao poder, em 1998 continuou-se a lutar por melhores condições para albergar a biblioteca que estava instalada no mesmo edifício municipal onde está a GNR e que não tinha condições.
No seu discurso o presidente do município, Joaquim Rosa do Céu , fez questão de realçar que “foi um caminho difícil e um investimento avultado”. O edifício instalado em terrenos da Fundação José Relvas custou 1,5 milhões de euros. Até se chegar a este dia a autarquia enfrentou vários problemas, como a falência do construtor do edifício, que obrigou a um processo de posse administrativa por parte do município e novo concurso para acabar a obra.
Mais recentemente, quando a obra já estava pronta, foi alvo de vandalismo, o que fez atrasar a inauguração que estava prevista para o final do ano passado. Desconhecidos partiram os vidros de uma janela e entraram no edifício, onde provocaram vários estragos. Foram partidos diversos equipamentos, incluindo as casas de banho onde as torneiras ficaram a entornar água provocando uma inundação.
A nova biblioteca Hermínio Duarte Paciência, num estilo moderno, tem duas salas de leitura com espaços multimédia, espaço de acesso à Internet e um pequeno auditório para a hora do conto. Dispõe ainda de um auditório e espaços para arquivo.
Neste momento o equipamento dispõe de 19 mil obras, das quais 1.300 são em suporte digital/informático. Joaquim Rosa do Céu disse pretender que o espaço seja um pilar importante para a qualificação das pessoas. “É preciso qualificarmo-nos e qualificar o país. Só assim podemos ser exigentes com o que é populista e imediatista”, disse no seu discurso. O autarca enalteceu ainda o patrono da biblioteca, recordando que foi um médico que toda a vida exerceu medicina gratuita. Lembrou ainda as suas lutas para pôr fim ao regime ditatorial, a sua participação na campanha de Humberto Delgado à presidência da República e a sua dedicação à solidariedade. Hermínio Duarte Paciência, também grande viticultor da terra, esteve durante 25 anos à frente a Fundação José Relvas.
O presidente da câmara acabou o discurso a pedir desculpas por ter havido uma tentativa de ocupação da casa de Hermínio Paciência no pós-25 de Abril e pediu também desculpas pela homenagem, que já devia ter sido feita há mais tempo. A filha do homenageado, Maria Helena Paciência, disse ficar muito sensibilizada ao sentir que o seu pai não foi esquecido. A ministra da Cultura, que presidiu à inauguração, referiu que “investir na cultura é investir nas pessoas e no futuro”. Isabel Pires de Lima comentou que a inauguração da biblioteca começa por ser feliz por se realizar no Dia Mundial do Livro. “A vida com os livros é mais colorida e mais livre”, sublinhou, acrescentando que ler torna as pessoas mais qualificadas e mais felizes.
A ministra elogiou ainda a escolha do nome de Hermínio Paciência, que classificou como um humanista, argumentando que “o que oferece uma biblioteca são armas que nos permitem formar cidadãos cada vez mais conscientes dos seus deveres.
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